PORQUE NOS DENOMINAMOS HELENOS
"ÉTNICOS" E PORQUE, POR MOTIVOS DE DIREITO
PRÓPRIO, NOSSA RELIGIÃO É CHAMADA DE "ÉTNICA".
A
premissa básica para o que se segue é que a Etnia[1]
Helena tem continuidade histórica ininterrupta até
os nossos dias, e que a história não é apenas
diferente, mas completamente contrária à versão
contada pelos respectivos conquistadores e tiranos,
militares ou religiosos. Portanto, o que vamos dizer
não se relaciona com o que dizem aqueles que afirmam
ou aceitam que o nosso povo foi completamente
cristianizado, e, por 16 séculos, sobreviveu apenas
nos sinais, percepções e na religião dos
conquistadores.
Ao
contrário do que é dito ou aceito, os modos e
maneiras de nossa religião, como foram transmitidos,
permanecem inalterados e imperturbados, formando o
material que mantém coesa a Etnia Helena desde a
Antiguidade Tardia até o tempo de Gemisto Pletão e,
desde então, até os nossos dias. Portanto, os
esforços para a rehelenização e restauração da
Religião Helena Étnica, nos últimos 30 anos, não são
um fenômeno “neopagão”, como afirma a propaganda da
teocracia ortodoxa, mas um reerguer-se infinitesimal
da Etnia Helena no espaço público de nossa
terra-mãe.
A
religião da perseguida Etnia Helena é chamada
“Religião Étnica Helena”, enquanto seus próprios
membros a definem como “Étnica Helena”. O porquê é
analisado em detalhes imediatamente a seguir:
A
palavra “etnia” foi usada por nossos ancestrais para
designar um conjunto distinto de pessoas com uma
identidade coletiva comum, que sustentam uma origem
comum, uma língua comum, uma adoração comum aos
mesmos Deuses e um mesmo sistema de valores morais e
formas cotidianas (“A Helenidade, que é a
similaridade no sangue e na língua e nas
instituições comuns dos Deuses e dos sacrifícios e
da ética, move-se no mesmo caminho.”[2]). A palavra
“etnia” também deriva da palavra “ethos”, que
significa sistema de valores, tradições e costumes.
A
“etnia” contém os “genē” (as “gentes”, em latim), ou
seja, as gerações, um grupo de pessoas com a mesma
origem sanguínea. O “geno” do tempo de Heródoto em
diante foi uma subdivisão da “etnia”, mas também da
“fratria” ou das “fratrias” e das “tribos”.
“Étnico”
é aquilo que é próprio da etnia (a própria etnia ou
aqueles que pertencem a ela), como os “étnicos” são
aqueles que pertencem aos genē ou às “gentes”.
Existem quatro características comuns aos membros de
uma etnia: a linguagem, que pode ser ensinada e
falada por qualquer pessoa interessada de outra
origem étnica, uma determinada origem, que é o
significado original da palavra “étnico”, uma
religião própria e o ethos típico que caracteriza a
etnia. O que cai no âmbito da etnia é, portanto,
étnico.
Antes
do advento do cristianismo, que pela conversão e
pelo batismo afastou as pessoas de suas etnias,
integrando-as numa espécie de anti-etnia,
vulgarmente denominada cristandade, os povos étnicos
eram definidos unicamente pelo nome da etnia a que
pertenciam. Por exemplo, quando se dizia que alguém
era Heleno[3], isto significava, automaticamente,
que aquela pessoa participava plenamente da
Etnicidade Helena, ou seja, dos costumes e da
tradição religiosa dos Helenos.
Mais
tarde, os povos cristianizados formaram impérios
cristãos, monarquias legitimadas pela “graça de
Cristo”. Passados 2-3 séculos da consolidação da
etnocracia[4] cristã, o respectivo nome étnico de
nossos antepassados foi recuperado, embora apenas
superficialmente. Havia sido transformado em
nacionalidade. O cruzado alemão, por exemplo, que
dizimou os povos étnicos do Báltico[5], não tinha
qualquer relação cultural com os também alemães
(ainda étnicos) que foram massacrados juntamente com
suas famílias em Verden, pelo rei franco Carlos
Magno, porque se recusaram a ser batizados[6].
Assim, cidadãos cristãos ortodoxos gregos de hoje,
no moderno Estado grego, não guardam nenhuma relação
cultural com os helenos que construíram o Parthenon
e que helenizaram os judeus do Egito e da Palestina.
Claramente, então, uma coisa é a nacionalidade
“alemã” ou “grega” e outra é a etnicidade alemã ou
helena, a saber, o alemão étnico ou o heleno étnico.
Algumas
pessoas, atacando recentemente a nossa
autodeterminação como “Helenos Étnicos” e, é claro,
a autodeterminação da nossa religião como “Religião
Étnica Helena”, usaram um argumento tolo e
anti-histórico, segundo o qual “étnico” seria a
tradução de “gói”, um termo pejorativo que os judeus
usaram e ainda usam para se referir ao resto da
humanidade. Mas sabemos que a suposta “Septuaginta”,
bem como a maioria dos textos do chamado “Antigo
Testamento” não foram originalmente escritos em
grego pelos seguidores alexandrinos de Jeová, para
seus correligionários do reino de Ptolomeu, que em
sua maioria não falavam mais a língua grega[7]. O
uso do termo “étnico”, portanto, significa, no
“Antigo Testamento”, aquele que segue a sua própria
etnia e, por isso, não é um judeu. É da mesma forma
no que toca aos cristãos, quer dizer, o indivíduo
que insiste em se manter fiel à sua etnia,
consequentemente, não adere ao cristianismo por essa
razão. Notamos, finalmente, sobre este assunto, que
a palavra “gói” é usada pelos judeus para se referir
aos cristãos, que, certamente, não podem ser
considerados “étnicos”.
O
argumento tolo de que não devemos nos identificar
como "Helenos Étnicos", porque nossa
autodeterminação seria uma forma de
“extradeterminação”, ofende a inteligência de
qualquer homem sério, uma vez que deprecia a própria
designação “heleno”. De acordo com eles,
provavelmente nem como helenos deveríamos nos
identificar, já que a palavra foi usada por muito
tempo como um insulto por judeus e cristãos.
Para
além destes disparates recentes, nós, “Helenos
Étnicos” não desaparecemos porque as hordas negras
destruíram nossos santuários e decretos assinados
por alguns imperadores romanos do Oriente tiraram
completamente o nosso direito de existir. Apenas nos
organizamos na obscuridade e, por todos os meios e
sacrifícios, conseguimos garantir, na segurança da
clandestinidade, uma passagem segura para o futuro.
Essa organização foi também uma aliança sagrada, uma
promessa de retorno, restauração e justiça aos
Deuses e aos nossos ancestrais. Ao longo dos
séculos, no curso deste caminho clandestino, o
“Helenismo Étnico” deu, mesmo ao mais lento dos
homens, inúmeros sinais da sua existência.
No
período entre 1200-1210, vários governantes gregos
locais, escravizados pelos romanos do Império
Oriental, depois Teodoro I e II Láscaris, do chamado
“Império de Nicéia”, e, finalmente, o filósofo Jorge
Gemisto Pletão, no início do século XV,
estabeleceram diferenças entre romanos e helenos,
valendo-se do termo geno para expressar a sua
consciência étnica (“nós, sobre quem você é
governante e rei, somos de origem helena, como
evidenciado pela nossa língua e cultura
tradicional.”[8]).
Em
face do perigo representado pela restauração do
termo “geno”, a Igreja vem agindo, numa prática já
bem conhecida, para deturpar o seu sentido original
e apropriar-se de seu significado. Antes do fim da
época dos mercenários helenos stratioti[9], que por
quase dois séculos (XV e XVI E.C.) lideraram
espiritualmente a maioria das comunidades helenas na
diáspora[10], a palavra “geno” estava imbuída de
significado étnico, que foi suplantado para designar
comunidades de gregos ortodoxos em qualquer lugar,
coincidindo, de alguma maneira, com o “millet”
otomano. Esse é o uso específico que a teocracia
ortodoxa vem explorando até hoje. O arquimandrita
Dositheos Kanellos, por exemplo, escreve que: “o que
significa Geno? A palavra Geno é grafada com inicial
maiúscula, e é assim que deve ser. Geno é a nação
santa, a família real e sacerdotal dos gregos
ortodoxos. É o Geno que fala a língua mais bonita do
mundo, o grego. É o Geno que deu ao mundo os Santos,
Padres, Mártires e Confessores. É o Geno abençoado
dos gregos... É o Geno que se identifica com a
Igreja, nossa Mãe. É o Geno preservado como a menina
dos olhos da ortodoxia. É o Geno bendito, ordenado
pelo Senhor Nosso Deus.”
A
perseguida Etnia Grega respondeu à apropriação
vulgar do termo “geno” restaurando a palavra “etnia”
muitas décadas antes dos termos “nação” e “pátria”
serem retomados no contexto da Revolução Francesa.
Representantes dos núcleos de resistência helenos na
diáspora, que tinham preservado os costumes helenos,
reuniram-se no ano de 1730, em Trieste (onde, havia
duas décadas, os gregos ortodoxos dominavam), e
reafirmaram o Helenismo como uma “etnia”, em sua
antiga acepção. Paralelamente, definiram um sistema
de costumes canônico, sistematizado pela religião,
mas, também, pela identidade étnica[11]. No final do
mesmo século, durante a relativamente curta
galocracia nas ilhas jônicas (1797-1798)[12], muitos
foram pegos de surpresa pelas reivindicações de
pessoas estranhas, que pareciam ter surgido do nada,
conclamando a volta da Religião Étnica Helena e da
democracia direta, enquanto, no mesmo período
(1797), no Thourios, Rigas Feraios[13] exortava os
ortodoxos a agirem como irmãos, uma vez que
pertenciam à mesma etnia.
Começamos
com o pressuposto da continuidade histórica
ininterrupta do Helenismo Étnico, desde a
Antiguidade tardia até os dias atuais. Mesmo que
isso não fosse verdade, no entanto, como muito
gostariam os teocratas ortodoxos e vários outros
meios, com toda a sorte de interesses, o Helenismo
Étnico tem registro histórico de sua reaparição aos
olhos do público desde o final dos anos 1980 e,
desde então, vem se esforçando consistente e
obstinadamente no sentido de promover a
rehelenização e a restauração completa da Religião
Étnica Helena. E essa manifestação do Helenismo
Étnico tradicional não é neopagã, mas
ancestral.
Mais
uma vez, reafirmamos que a Religião do verdadeiro
Heleno é uma e é chamada de “Étnica”. Para desgosto
de toda a sorte de intenções e interesses já
mencionados, nós existimos e estamos lutando. E a
nossa luta não vai parar até que seja totalmente
restaurada a Religião Étnica Helena, em uma Nação
Helena livre, um Estado Soberano, museus que possam
receber sem medo os testemunhos escritos da nossa
continuidade histórica ininterrupta e escolas que
ensinem, primeiro e acima de tudo, a hoje
completamente desconhecida epopeia clandestina da
nossa resistência.
Atenas,
novembro de 2014
Vlassis
G. Rassias
Traduzido
para o português por Mikka Capella.
[1] A palavra aqui
traduzida por etnia, “ethnos”, também significa
“nação”. Este é um dos complicadores da língua
grega moderna em relação ao português. Enquanto,
no Brasil, dispomos de duas palavras com
significados distintos para o senso comum (etnia e
nação), os gregos têm apenas uma, que aglutina
ambos os significados. Ocorre que a palavra
“nação”, originalmente um sinônimo semântico
latino para o grego “ethnos”, foi ressignificada
no contexto da Revolução Francesa, assumindo um
sentido diferente. Torna-se necessário, então,
avaliar o contexto para identificar o termo que
melhor se adéqua na tradução ao sentimento que o
autor quis transmitir no texto original. Na
tradução apresentada, algumas vezes traduziremos
“ethnos” por “etnia”, outras (poucas) vezes por
“nação”.
[2] De acordo com
Heródoto, esta foi a orgulhosa resposta que os
atenienses deram ao emissário espartano, quando
este lhes procurou para saber se estariam
dispostos a lutar ao lado de Esparta contra os
invasores persas, no século V a.E.C..
[3] Os próprios gregos
jamais se denominaram “gregos”. Este foi o nome
que lhes deram os romanos. Existem, portanto, duas
palavras no grego moderno que podem ser traduzidas
como “grego” em português, mas possuem um
significado semântico completamente diferente. A
primeira delas, “Έλλην” (trans.: “Éllin”, heleno)
é a designação mais antiga e alude à origem mítica
dos helenos, que se acreditam descendentes de
Heleno, filho de Deucalião e Pirra, portanto
descendentes do próprio titã Prometheu. A segunda,
“Ρωμιοί” (trans.: “romioi”), significa,
literalmente, “romanos”, e foi adotada no século
III E.C., quando praticamente todos os gregos
tornaram-se cidadãos do Império Romano e, com a
ascensão do cristianismo como religião oficial, a
palavra “heleno” tornou-se sinônimo de “pagão”,
usada para aqueles que se mantinham fieis à
religião politeísta tradicional. O resgate da
designação “heleno” está ligado ao próprio resgate
da identidade étnica do povo grego. Entretanto,
embora “heleno” tenha se tornado popular outra vez
(apenas no século passado), o nome “romioi” ainda
é bastante usado. Neste texto, o autor usa a
palavra “romioi” para se referir àqueles que,
embora pertençam ao moderno Estado Grego,
permanecem indiferentes à sua verdadeira
identidade étnica: a “Helenidade”. Na tradução
para o português, usaremos a palavra “heleno” onde
o autor usa “Éllin” e a palavra “grego” apenas
quando ele se refere aos “romioi”.
[4] Anteriormente, o
autor se referiu ao cristianismo como uma espécie
de “anti-etnia”, que age fagocitando indivíduos de
origens étnicas distintas, substituindo suas
identidades étnicas pela identidade única da
cristandade. A palavra “etnocracia”, aqui, deve
ser entendida nesse sentido, como se a
cristandade, afinal, adquirisse a marca de uma
etnia própria, abrangente e autoritária.
[5] A passagem se
refere às chamadas “Cruzadas do Norte”,
empreendidas, no século XII E.C., por reis e
ordens militares católicas dinamarquesas, suecas e
alemãs contra os povos pagãos (ou étnicos) que
habitavam a Europa Setentrional, próximo às costas
sul e leste do mar Báltico.
[6] Aqui o autor se
refere ao episódio histórico conhecido como O
Massacre de Verden, quando, em outubro de 782
E.C., o rei franco Carlos Magno ordenou a execução
de cerca de 4.500 saxões, no contexto das guerras
saxãs. O episódio ocorreu em Verden, atualmente a
Baixa Saxônia, na Alemanha, após a destruição do
Irminsul, um símbolo importante para o paganismo
tradicional saxão, e é tido como decisivo para a
cristianização dos saxões.
[7] Nesta passagem o
autor se refere à crença comum de que a
Septuaginta é a mais antiga tradução do texto
hebreu correspondente ao Antigo Testamento da
Bíblia para o grego koiné, que teria sido feita
entre os séculos III e I a.E.C.. Hoje, muitos
historiadores sustentam a opinião de que a
Septuaginta é apenas um mito, e de que não houve
nenhuma cópia em grego do Antigo Testamento antes
de 100 anos após o Novo Testamento estar completo,
isto é, bem depois do século I E.C.. O autor se
reporta, ainda, ao fato de que os judeus
helenizados de Alexandria, o reino de Ptolomeu, já
não falavam o grego na época em que a Septuaginta
teria sido escrita, mas o copta, que de grego
possuía apenas uma versão modificada do alfabeto.
[8] Escreveu o filósofo
Gemisto Pletão (1355-1452) ao imperador bizantino
Manuel II Paleólogo (1350-1425).
[9] Em grego Στρατιώτες
(trans. Stratiótes), significa, literalmente,
“soldado”. Foram guerreiros contemporâneos da
dominação turco-otomana, muito especializados,
que, segundo se acredita, eram herdeiros das
tradições militares de Esparta. Ficaram conhecidos
como mercenários porque vários reinos europeus
empregaram seus serviços mediante pagamento, entre
os quais o Sacro Império Romano-Germânico, a
Itália, a França, a Espanha e a Inglaterra.
Existiram do século XV ao XVIII e contaram, em
suas fileiras, com vários nomes helenos ilustres,
como Graitzas Paleólogo, que pertencia à mesma
família que muitos imperadores
bizantinos.
[10] Aqui o autor não
se refere aos antiquíssimos episódios das chamadas
“primeira e segunda diásporas gregas”, mas ao
episódio completamente ignorado pela
historiografia brasileira da diáspora grega para a
Europa (e para as montanhas), após a invasão e
dominação turco-otomana, que se estendeu por mais
de cinco séculos. A península grega é formada por
inúmeras formações montanhosas de dificílimo
acesso, que garantiram um refúgio seguro para que
cidadãos helenos formassem núcleos de resistência
étnica (contra-assimilação) aos quais o autor se
refere como “comunidades helenas na diáspora”,
durante o período de dominação otomana. Entre os
séculos XV e XVI, como assinala o autor, muitas
dessas comunidades foram lideradas por guerreiros
stratioti. São exemplos dessas comunidades os
maniotas, do Peloponeso, os esfaquiotas, de Creta,
e os suliotas, de Épiro. A liderança espiritual,
aqui, não deve ser entendida tanto no sentido
religioso, mas no sentido de não deixar esmorecer
o espírito étnico que constituía essas
comunidades: sua Helenidade.
[11] No século XVIII,
várias iniciativas liberais por parte da casa
Habsburgo fizeram do porto adriático de Trieste
(então parte da Monarquia Habsburgo) um lugar
atrativo para a formação de comunidades de povos
das mais diferentes origens étnicas. Em primeiro
lugar, sua posição marcadamente contrária ao
Império Otomano, imediatamente seguida da abertura
comercial, sancionada por Charles VI em 1717, do
Tratado de Passorowitz (1718) e, principalmente,
do Édito de 1719, promulgado pelo mesmo Charles
VI, que fazia de Trieste um porto-franco.
Comerciantes abastados chegaram das mais diversas
regiões da Grécia, dentre os quais se destacava
Nicolo Mainati, de Zakynthos. Juntos, eles criaram
uma comunidade grega em torno do patriarcado
ortodoxo que, então, também incluía uma minoria
iliriana (atualmente, os sérvios). Faz-se claro,
portanto, que a designação “grego” identificava a
religião, em primeiro lugar, bem como, em certa
medida, uma identidade étnica semelhante, não a
nacionalidade.
[12] A Galocracia
Jônica (em grego, Γαλλοκρατία των Επτανήσων) é o
termo pelo qual os helenos normalmente se referem
ao breve período em que as ilhas jônicas estiveram
sob o domínio francês, no século XVIII,
constituindo os chamados Departamentos Franceses
da Grécia (Départements Français de Grèce). O
termo “galocracia” refere-se ao antigo nome da
França, “Gaule”, cujos habitantes eram conhecidos
como “gallus”. Embora tenha durado pouco, a
galocracia trouxe novo fôlego político aos gregos,
que já amargavam a dominação otomana havia quatro
séculos e estavam entusiasmados com os ideais
revolucionários vindos da França. Vinte meses mais
tarde, no entanto, os franceses foram forçados a
render-se sob a pressão de uma inusitada aliança
entre os Impérios Russo e Otomano, que, então, em
1800, fundaram o Estado Jônico.
[13] Rigas Feraios
(1757-1798) foi um escritor grego, pensador
político e revolucionário. É considerado uma das
maiores inspirações para a Guerra de Independência
Grega, no século XIX, e, por esse motivo, é
lembrado como um herói nacional. É autor do
Thourios, considerado a versão grega do hino
revolucionário francês, La Marseillaise, em que
exorta os gregos e outros povos cristãos ortodoxos
que viviam na península grega naquele momento
(búlgaros, albaneses, etc.) a deixar as cidades
ocupadas pelos otomanos e seguir para as
montanhas, onde se podia experimentar mais
liberdade.
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